sábado, 24 de setembro de 2011

O Medo Causado Pela Inteligência.



 
Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu 
primeiro discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a 
um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu  
desempenho naquela assembléia de vedetes políticas.




O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse-lhe em tom paternal:

“Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi demasiado brilhante
neste seu primeiro discurso. Isso é imperdoável! Devia ter começado 
um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteli-
gência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trin-
ta inimigos. O talento assusta".


Ali estava uma das melhores lições que um velho sábio pode dar ao pu-
pilo que se inicia numa carreira difícil.
Isso, na Inglaterra. Imaginem aqui, no Brasil.


Vale a pena lembrar uma famosa trova de Ruy Barbosa:
“Há tantos burros a mandar em homens inteligentes, que, às vezes,
penso que a burrice é uma Ciência”.


A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medío-
cre e tem um indisfarçável medo da inteligência.
Temos de admitir, por outro lado, que, de um modo geral, os medíocres
são mais obstinados na conquista de posições importantes.
Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes
que não revelam o apetite do poder.


Mas, há que ter em consideração que esses medíocres, oportunistas e 
ambiciosos, têm o hábito de defender bem as posições conquistadas- 
como que com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos 
não conseguem passar.
Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as
panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos.


Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do "Elogio da 
Loucura", de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma 
pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida.
É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social.


Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota,
automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu 
círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os 
encastelados medíocres se fecham como ostras, à simples aparição de
um talentoso jovem que os possa ameaçar.


Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempe-
nhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas...
Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos
resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender.


É um paradoxo angustiante !


Infelizmente, temos de viver segundo essas regras absurdas que 
transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a 
vida.


Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues...
"Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra".


O problema é que os inteligentes gostam de brilhar!
Que Deus os proteja, então, dos medíocres!...


nilsonhussar@yahoo.com.br

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